@MASTERSTHESIS{ 2025:302742562, title = {Ser garçom na metrópole: migrações, trabalho e redes de sociabilidades de pedro segundenses em São Paulo (1980-2010)}, year = {2025}, url = "http://sistemas2.uespi.br/handle/tede/1983", abstract = "A presente dissertação busca analisar a experiência de trabalhadores migrantes de Pedro II, município rural localizado ao norte do Piauí, que se deslocaram para a metrópole de São Paulo em busca de melhores condições de vida e trabalho, entre 1980 e 2010. A migração de trabalhadores rurais da Região Nordeste é comumente retratada pela historiografia e literatura tradicionais como supostas idas desordenadas ou em fugas, devido estritamente a questões econômicas, políticas e climáticas, como a fome e a seca. Entretanto, este trabalho compreende os deslocamentos como prática social e projeto familial amplamente organizado pelos trabalhadores. Desta forma, a perspectiva é compreender a agência dos sujeitos nas suas motivações, expectativas e estratégias, elaboradas dentro das redes migratórias com os familiares e conterrâneos desde o lugar de origem, onde nesta abordagem utilizamos autores como Durham (1978), Fontes (2008) e Menezes (2002). O discurso político e o projeto econômico construído sobre um meio rural atrasado e sem perspectivas, influenciou diretamente o desejo de saída de jovens, com a promessa de melhores condições de trabalho, acesso a bens de consumo e fortuna na metrópole paulistana, que principalmente no século XX, inspirava ser um lugar próspero, junto ao progresso e a modernização. Entretanto, fica evidente a marginalização das populações rurais, sendo condicionada também aos flagelos nas grandes cidades. Em decorrência disso, problematizamos o cenário de São Paulo e dos restaurantes, que não garantem melhores experiências econômicas e de trabalho, uma vez que os migrantes são vistos essencialmente como uma força de trabalho provisória em trânsito, como aponta Sayad (1998), o que os tornam outsiders, conceito de Elias e Scotson (2000), ao passo que a cidade os estigmatizam, segregam e os exploram, os tornando mais vulneráveis para a estratégia de dominação presente no trabalho escravo contemporâneo. A profissão de garçom é almejada pela maioria dos pedro-segundenses, por nascer da experiência dos que migraram antes, mas também atravessam questões subjetivas dos trabalhadores, em meio aos restaurantes com todo o seu encantamento e glamour, mas que acabam por esconder na prática, um dos ambientes de trabalho braçal mais naturalizado em desprestígio social e exploração, na maior e mais rica cidade do país, a qual é referência no ramo da culinária global. Em um caminho de análise interdisciplinar, combinando abordagens históricas, antropológicas e sociológicas, buscamos relatar como os migrantes lidam com este novo e complexo lugar, junto às formas de sociabilidades e solidariedade do cotidiano, que resistem e reinventam-se na metrópole. Para tanto, com o objetivo de compreender a migração como prática constitutiva da reprodução social das famílias de Pedro II, utilizamos a metodologia da História Oral e entrevistas semiestruturadas, com migrantes em São Paulo e com os retornados, visto que a volta ao lugar de origem, encerra o ciclo do projeto migratório dos trabalhadores e de suas famílias.", publisher = {Universidade Estadual do Piauí}, scholl = {Programa de Mestrado em Sociedade e Cultura}, note = {Centro de Ciencias Humanas e Letras} }