@MASTERSTHESIS{ 2025:1276647157, title = {Impactos do racismo em trajetórias acadêmicas: uma análise reflexiva sobre o sofrimento psíquico de mulheres negras estudantes de Psicologia}, year = {2025}, url = "https://sistemas2.uespi.br/handle/tede/2857", abstract = "Este estudo tem como objetivo investigar as intersecções entre racismo genderizado e sofrimento psíquico na trajetória acadêmica de mulheres negras estudantes do curso de Psicologia. Partindo da compreensão de que o sofrimento psíquico não pode ser reduzido a uma perspectiva individual ou patologizante, o trabalho adota uma abordagem interseccional e amparada na decolonialidade para analisar como o racismo estrutural, aliado ao sexismo, produz efeitos subjetivos e simbólicos profundos em mulheres negras no contexto universitário. Utilizou-se como metodologia a pesquisa qualitativa de caráter exploratório e bibliográfico, partindo também do método da cartografia, que permitiu a pesquisadora ser observadora sensível e localizar o discurso, contrapondo a suposta neutralidade e universalidade acadêmica, que não é outra coisa senão branca, masculina e socialmente privilegiada. O referencial teórico foi construído com base em obras de autoras e autores como Neusa Santos Souza, Grada Kilomba, Sueli Carneiro, Audre Lorde, Frantz Fanon, Carla Akotirene e Cida Bento, entre outras/os que refletem sobre subjetividade, sofrimento psíquico, racismo, gênero, interseccionalidade e epistemologias negras. A análise foi estruturada em três objetivos centrais: investigar os efeitos do racismo na trajetória acadêmica de mulheres negras estudantes do curso de Psicologia e sua relação com o sofrimento psíquico; compreender a construção da imagem da mulher negra no Brasil e os efeitos desses estereótipos no imaginário social brasileiro; e analisar as estratégias de enfrentamento ao racismo e a necropolítica utilizadas por mulheres negras na academia, bem como a responsabilidade das instituições. Como principais resultados, identificou-se que o sofrimento psíquico vivenciado por mulheres negras acadêmica, para além de indicadores clínicos, se expressa por meio de angústias existenciais, tentativas de assimilação à branquitude, silenciamento, sentimentos de inadequação e evasão universitária. Esses efeitos derivam de violências simbólicas e institucionais, como o epistemicídio, o racismo institucional, a representação compulsória e a exclusão das epistemologias negras dos currículos acadêmicos. Por outro lado, o trabalho também evidencia estratégias de resistência construídas por essas mulheres, como o aquilombamento, a organização da raiva enquanto potência política, a construção coletiva da dororidade e a disputa por um feminismo interseccional a partir de espaços protagonizados por mulheres negras. Conclui-se que há urgência em repensar a Psicologia desde uma perspectiva antirracista e decolonial, que reconheça as subjetividades negras como legítimas e combata os processos de patologização das respostas à opressão. É necessário que as instituições de ensino superior, o Conselho Federal de Psicologia e o Estado, por meio das políticas públicas, assumam sua responsabilidade na transformação estrutural da formação em Psicologia, promovendo mudanças curriculares, ações de permanência e acolhimento para mulheres negras e o reconhecimento das epistemologias negras como parte integrante da ciência psicológica. O trabalho propõe-se como uma contribuição para a construção de uma Psicologia comprometida com as mudanças estruturais, que reconheça o sofrimento psíquico como expressão das opressões e que esteja preparada para escutar, acolher e fortalecer mulheres negras em suas trajetórias acadêmicas e profissionais.", publisher = {Universidade Estadual do Piauí}, scholl = {Bacharelado em Psicologia}, note = {Centro de Ciencias da Saude} }