@MASTERSTHESIS{ 2025:1085163247, title = {As condições de saúde e doenças das pessoas escravizadas em Teresina entre os anos de 1850-1888}, year = {2025}, url = "http://sistemas2.uespi.br/handle/tede/2909", abstract = "Este trabalho analisa as práticas médicas e as estratégias de cura no Piauí oitocentista, com ênfase nas relações entre escravidão, saúde e doença durante a formação de Teresina e o funcionamento das instituições de caridade, especialmente a Santa Casa de Misericórdia da capital. Entre 1850 e 1888. A assistência sanitária priorizava o controle das epidemias urbanas e a preservação da ordem social, negligenciando, frequentemente, a população escravizada, cuja saúde era vista apenas sob a ótica da utilidade econômica. No Piauí, a Santa Casa de Misericórdia de Oeiras e, posteriormente, a de Teresina, tornaram-se os principais espaços de assistência aos pobres e enfermos, embora enfrentassem graves limitações estruturais e financeiras. Documentos oficiais e relatos jornalísticos revelam a precariedade desses estabelecimentos, que sobreviviam graças à caridade e à subvenção provincial. O atendimento aos cativos e desvalidos era limitado e, na maioria das vezes, motivado por preocupações de ordem pública e não humanitária. Paralelamente à medicina oficial, floresciam práticas populares de cura, sustentadas principalmente por saberes africanos e indígenas, transmitidos oralmente e baseados no uso de ervas, e rituais religiosos. Essas práticas, reprimidas pelo Estado e rotuladas como charlatanismo, constituíam formas de resistência cultural e de cuidado acessível para os grupos marginalizados. O estudo evidencia que, diante da ausência de políticas de saúde sistemáticas e inclusivas, praticantes de cura, com curandeiros, benzedeiras e rezadeiras, exerceram papel essencial na sobrevivência e na manutenção da identidade cultural da população escravizada. A metodologia empregada fundamenta-se na análise qualitativa e histórica, utilizando relatórios provinciais, periódicos, códigos de postura e documentos hospitalares entre 1850 e 1888. Como aporte teórico, destacam-se Sidney Chalhoub (1996), Gilberto Hochman (1998), Tania Salgado Pimenta (2003), Teresinha Queiroz (1995), Roberto Machado (1978) e Joseanne Marinho (2018). Conclui-se que a saúde na capital Teresina, na segunda metade do século XIX, foi marcada por contradições entre o discurso da caridade e a prática da exclusão, onde a medicina institucional e os saberes populares coexistiram em tensão, revelando os limites da assistência médica e o protagonismo das práticas tradicionais no cuidado aos escravizados.", publisher = {Universidade Estadual do Piauí}, scholl = {Licenciatura em História}, note = {Centro de Ciencias Humanas e Letras} }