@MASTERSTHESIS{ 2021:641499306, title = {Esse cabelo, de Djaimilia Pereira de Almeida: uma narrativa da diáspora em diálogo com o feminismo negro}, year = {2021}, url = "http://localhost:8080/tede/handle/tede/267", abstract = "A obra literária Esse Cabelo, da escritora luso-angolana Djaimilia Pereira de Almeida, aborda temas que se encontram no cerne dos interesses dos estudos culturais contemporâneos. A ex- periência da narradora-protagonista, Mila, evidencia os caracteres do processo de fragmenta- ção de identidades, no contexto do mundo globalizado e pós-colonial. Um dos principais ve- tores da narrativa é a dinâmica geopolítica que se estabelece entre Portugal e Angola, antiga metrópole e ex-colônia, respectivamente. Nascida em Luanda, Mila se muda para Lisboa ain- da na primeira infância, seguindo os fluxos da terceira diáspora africana, desencadeada duran- te os processos de libertação das colônias. Os cinco países ocupados por Portugal – Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné-Bissau – estiveram entre os últimos a obter a independência, já na década de 1970. Como elemento constituinte da cadeia históri- ca, Mila é um sujeito diaspórico e migrante, que questiona os estereótipos nacionais e procura construir e ressignificar sua identidade, a partir do marcador mais aparente de sua diferença simbolicamente construída: o cabelo crespo. Nesta pesquisa, analisamos as pontes que se for- mam entre o fato literário e o campo epistemológico dos estudos culturais, discutindo os con- ceitos de identidade e diferença, com o apoio de autores como Hall (2003; 2019), Bauman (2005) e Mbembe (2018). Também é estabelecido um diálogo com o pensamento feminista negro, ao situarmos Esse Cabelo como exemplar da escritura empreendida por mulheres ne- gras em busca de autodefinição e autoavaliação. Partindo do esquema proposto por Collins (2016), demonstramos que a obra literária em análise trata dos temas-chave que impulsionam a teoria, a exemplo da natureza interligada da opressão experenciada pelas mulheres racializa- das. Davis (2016; 2017), hooks (2014; 2019a; 2019b; 2019c) e outras autoras nos fornecem instrumentos para identificar a posição marginalizada de Mila, mas também para compreender a margem como espaço de possibilidade, potência e transformação. Sempre estabelecendo re- lações dialógicas entre a fundamentação teórica e a obra estudada, propusemos reflexões acer- ca dos sentidos atribuídos aos cabelos crespos ao longo da história, discorrendo sobre os para- digmas estéticos associados a essa textura capilar e as experiências vividas por mulheres raci- alizadas. Identificamos o cabelo crespo como signo socialmente construído, para além do mero fato biológico, concluindo que corpo e cabelo são símbolos de identidade, bem como manifestações estéticas e políticas. Verificamos que a relação com o cabelo se apresenta como matéria da escrevivência, termo cunhado por Evaristo (2020) para designar a escritura das mulheres negras no contexto da diáspora, e abordamos a existência de intertextualidades entre Esse Cabelo e outras obras literárias, inclusive afro-brasileiras.", publisher = {Universidade Estadual do Piauí}, scholl = {Programa de Mestrado Acadêmico em Letras}, note = {Centro de Ciências Humanas e Letras} }