@MASTERSTHESIS{ 2022:1878502458, title = {Violência e cordialidade na literatura brasileira contemporânea: um estudo do romance essa gente, de Chico Buarque}, year = {2022}, url = "http://localhost:8080/tede/handle/tede/380", abstract = "Neste trabalho analisamos os processos narrativos do romance Essa gente (2019), de Chico Buarque, partindo da hipótese de que a oscilação entre os polos da realidade e da imaginação, associada ao descentramento do ângulo narrativo na obra, põe em cena a violência, o ímpeto autoritário e a cordialidade, que, no caso brasileiro, formam uma das bases de mediação das relações sociais. Propomos demonstrar que a composição narrativa do corpus – em especial a volubilidade da narração e a elaboração dos narradores – opera como importante dispositivo literário que potencializa o exame do social, revelando que a violência e o autoritarismo não se restringem a períodos de maior controle pelo Estado – como no caso da última ditadura civil-militar brasileira –, mas constituem também elementos diluídos no próprio corpo social. Em Essa gente (2019), o ponto de vista narrativo ora conduzido por Duarte, ora por outros narradores, aponta aqui e ali marcas de uma violência que remetem não apenas à desigualdade social brasileira, mas também a uma inscrição da violência que sinaliza para a formação de um país. Neste romance, o Rio de Janeiro serve como espécie de microcosmo das relações conflitivas nos trópicos. A obra está estruturada de forma híbrida, envolvendo cartas, transcrições telefônicas, anotações, peças judiciais, notícias, capítulos de romance, trechos de canções, dentre outros gêneros textuais, o que remete ao caráter fragmentário da narrativa, como sintoma da literatura contemporânea. Quando postos em articulação, esses fragmentos dão concreção a uma narrativa capaz de percorrer do cômico à crítica corrosiva. Para validar a hipótese, realizamos uma leitura com observância aos mecanismos de constituição da obra na exposição da violência. Com vistas a compreender a relação entre literatura e violência, são fundamentais as ideias de Jaime Ginzburg (2012, 2017); para sondar, no romance, a exposição da violência e de sua íntima relação com a cordialidade brasileira, são indispensáveis as leituras de Sérgio Buarque de Holanda (2016) e de João Cezar de Castro Rocha (2005, 2006); com o intuito de entender o processo de autoritarismo socialmente instituído no Brasil, é imprescindível o diálogo com Paulo Sérgio Pinheiro (1991) e Renato Janine Ribeiro (1999); para compreender a relação entre tessitura social e forma literária, são pertinentes os apontamentos de Antonio Candido (2011). A reflexão de Giorgio Agamben (2009) contribui na formulação de um conceito sobre o contemporâneo, ao tempo em que Karl Erik Schollhammer (2009), Regina Dalcastagnè (2012) e Leyla Perrone-Moisés (2016) proporcionam um cenário amplo acerca da literatura contemporânea, ajudando no mapeamento de suas principais características e formas. Na análise do romance, verificamos que a forma narrativa é decisiva para a sondagem que a obra faz da violência social brasileira. A melhor percepção do quadro de violência também se deve ao procedimento narrativo, que exerce centralidade na realização estética do romance do escritor carioca.", publisher = {Universidade Estadual do Piauí}, scholl = {Programa de Mestrado Acadêmico em Letras}, note = {Centro de Ciências Humanas e Letras} }