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https://sistemas2.uespi.br/handle/tede/2884| Tipo do documento: | Monografia |
| Título: | O Perímetro Irrigado do Caldeirão: modernização, trabalho e resistência no semiárido piauiense (1970-1980) |
| Título(s) alternativo(s): | The Caldeirão Irrigated Perimeter: modernization, work, and resistance in the semi-arid region of Piauí (1970–1980) |
| Autor: | Silva, Deusimar Batista da ![]() |
| Primeiro orientador: | Rocha, Cristiana Costa da |
| Primeiro coorientador: | Brito, Lucas Ramyro Gomes de |
| Primeiro membro da banca: | Cardoso, Antonio Alexandre Isidio |
| Segundo membro da banca: | Costa Filho, Alcebíades |
| Terceiro membro da banca: | Costa, Lia Monnielli Feitosa |
| Resumo: | O presente trabalho analisa as contradições da modernização rural implementada pelo Estado no semiárido piauiense, a partir do estudo do Perímetro Irrigado Caldeirão, localizado no município de Piripiri (PI). Implantado pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) nas décadas de 1970 e 1980, o projeto foi apresentado como símbolo do progresso agrícola e da superação dos efeitos da seca, mas acabou revelando os limites e as ambiguidades do modelo de desenvolvimento aplicado ao Nordeste. A pesquisa adota os pressupostos da História Social e articula análise documental, entrevistas orais e bibliografia especializada para compreender a experiência dos irrigantes e suas estratégias de sobrevivência frente às imposições do Estado. O estudo discute a seca, a pobreza e a fome como categorias sociais e políticas historicamente construídas, à luz das reflexões de Josué de Castro (1984), Bronislaw Geremek (1986), José de Souza Martins (1994), Milton Santos (2006), Manoel Domingos Neto (1987), Edward P. Thompson (1981, 1987, 1998) e James C. Scott (1985, 1998). Os resultados demonstram que a modernização técnica promovida nos perímetros irrigados, embora tenha introduzido novas formas de produção e infraestrutura, reproduziu relações de dependência, vigilância e exclusão, convertendo os camponeses em “irrigantes-modelo” submetidos a rígidos padrões de conduta e produtividade. A técnica, apresentada como instrumento de emancipação, operou como forma de controle sobre o território e sobre o trabalho, evidenciando o que Milton Santos define como o poder político do espaço técnico. Entretanto, a análise das narrativas orais dos irrigantes revela que, mesmo sob tutela institucional, persistiram formas de resistência cotidiana, solidariedade e recriação cultural que expressam a agência camponesa frente ao processo de modernização autoritária. Essas práticas silenciosas configuram o que James Scott denomina infrapolítica: gestos sutis de oposição e sobrevivência que escapam à legibilidade do Estado. Conclui-se que a experiência do Perímetro Caldeirão traduz, em escala local, o paradoxo da modernização rural no semiárido brasileiro: um projeto que prometeu emancipação, mas consolidou novas hierarquias técnicas, sociais e simbólicas. Ao mesmo tempo, as vozes e memórias dos irrigantes reafirmam que, mesmo em meio às contradições do progresso, a resistência camponesa e o sentido social do trabalho permanecem como forças de recriação da vida no sertão. |
| Abstract: | This research analyzes the contradictions of rural modernization implemented by the Brazilian State in the semi-arid region of Piauí, through a study of the Caldeirão Irrigation Project, located in the municipality of Piripiri (PI). Implemented by the National Department of Works Against Droughts (DNOCS) during the 1970s and 1980s, the project was presented as a symbol of agricultural progress and a solution to the effects of drought, but ultimately revealed the limits and ambiguities of the development model applied to the Northeast. The study is grounded in the principles of Social History and combines documentary analysis, oral interviews, and specialized bibliography to understand the experience of the irrigators and their strategies of survival in the face of State intervention. It discusses drought, poverty, and hunger as social and political categories historically constructed, drawing on the reflections of Josué de Castro (1984), Bronislaw Geremek (1986), José de Souza Martins (1994), Milton Santos (2006), Manoel Domingos Neto (1987), Edward P. Thompson (1981, 1987, 1998), and James C. Scott (1985, 1998). The results show that the technical modernization promoted in the irrigation projects, although introducing new forms of production and infrastructure, reproduced relations of dependency, surveillance, and exclusion, turning peasants into “model irrigators” subjected to strict standards of behavior and productivity. The technique, presented as an instrument of emancipation, operated instead as a form of control over territory and labor, reflecting what Milton Santos defines as the political power of technical space. Nevertheless, the analysis of oral narratives reveals that, even under institutional tutelage, forms of everyday resistance, solidarity, and cultural recreation persisted, expressing peasant agency in the face of authoritarian modernization. These silent practices correspond to what James Scott calls infrapolitics: subtle gestures of opposition and survival that escape State legibility. It is concluded that the experience of the Caldeirão Project represents, on a local scale, the paradox of rural modernization in Brazil’s semi-arid region: a project that promised emancipation but consolidated new technical, social, and symbolic hierarchies. At the same time, the voices and memories of the irrigators reaffirm that, even amid the contradictions of progress, peasant resistance and the social meaning of labor remain as forces of life and renewal in the sertão. Esta investigación analiza las contradicciones de la modernización rural implementada por el Estado brasileño en la región semiárida de Piauí, a partir del estudio del Proyecto de Riego Caldeirão, ubicado en el municipio de Piripiri (PI). Implementado por el Departamento Nacional de Obras Contra las Sequías (DNOCS) durante las décadas de 1970 y 1980, el proyecto fue presentado como un símbolo del progreso agrícola y de la superación de los efectos de la sequía, pero terminó revelando los límites y ambigüedades del modelo de desarrollo aplicado al Nordeste brasileño. El estudio se basa en los principios de la Historia Social y combina análisis documental, entrevistas orales y bibliografía especializada para comprender la experiencia de los regantes y sus estrategias de supervivencia frente a las imposiciones del Estado. Se discuten la sequía, la pobreza y el hambre como categorías sociales y políticas históricamente construidas, a la luz de las reflexiones de Josué de Castro (1984), Bronislaw Geremek (1986), José de Souza Martins (1994), Milton Santos (2006), Manoel Domingos Neto (1987), Edward P. Thompson (1981, 1987, 1998) y James C. Scott (1985, 1998). Los resultados demuestran que la modernización técnica promovida en los proyectos de riego, aunque introdujo nuevas formas de producción e infraestructura, reprodujo relaciones de dependencia, vigilancia y exclusión, transformando a los campesinos en “regantes modelo” sometidos a estrictos estándares de conducta y productividad. La técnica, presentada como instrumento de emancipación, funcionó en realidad como una forma de control sobre el territorio y sobre el trabajo, evidenciando lo que Milton Santos define como el poder político del espacio técnico. Sin embargo, el análisis de las narrativas orales revela que, incluso bajo tutela institucional, persistieron formas de resistencia cotidiana, solidaridad y recreación cultural, que expresan la agencia campesina frente al proceso de modernización autoritaria. Estas prácticas silenciosas corresponden a lo que James Scott denomina infrapolítica: gestos sutiles de oposición y supervivencia que escapan a la legibilidad del Estado. Se concluye que la experiencia del Proyecto Caldeirão representa, a escala local, el paradigma contradictorio de la modernización rural en el semiárido brasileño: un proyecto que prometió emancipación, pero consolidó nuevas jerarquías técnicas, sociales y simbólicas. Al mismo tiempo, las voces y memorias de los regantes reafirman que, aun en medio de las contradicciones del progreso, la resistencia campesina y el sentido social del trabajo permanecen como fuerzas de vida y renovación en el sertón. |
| Palavras-chave: | Agricultura Irrigada Políticas Públicas Trabalhadores Rurais Infrapolítica Piripiri |
| Área(s) do CNPq: | CIENCIAS HUMANAS::HISTORIA |
| Idioma: | por |
| País: | Brasil |
| Instituição: | Universidade Estadual do Piauí |
| Sigla da instituição: | UESPI |
| Departamento: | Centro de Ciencias Humanas e Letras |
| Programa: | Licenciatura em História |
| Citação: | SILVA, Deusimar Batista da. O Perímetro Irrigado do Caldeirão: modernização, trabalho e resistência no semiárido piauiense (1970-1980). 2025. 87 f. Monografia (Licenciatura em História) - Universidade Estadual do Piauí, Teresina, 2025. |
| Tipo de acesso: | Acesso Aberto |
| URI: | https://sistemas2.uespi.br/handle/tede/2884 |
| Data de defesa: | 2025 |
| Aparece nas coleções: | CCHL - Licenciatura em História (Poeta Torquato Neto – TERESINA) |
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