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Tipo do documento: Dissertação
Título: Violência e cordialidade na literatura brasileira contemporânea: um estudo do romance essa gente, de Chico Buarque
Autor: Alves, Adão Marcelo Lima Freire
Primeiro orientador: Santos, Silvana Maria Pantoja dos
Primeiro membro da banca: Santos, Silvana Maria Pantoja dos
Segundo membro da banca: Oliveira, Luizir de
Terceiro membro da banca: Torres, José Wanderson Lima
Quarto membro da banca: Lopes, Maria Suely de Oliveira
Resumo: Neste trabalho analisamos os processos narrativos do romance Essa gente (2019), de Chico Buarque, partindo da hipótese de que a oscilação entre os polos da realidade e da imaginação, associada ao descentramento do ângulo narrativo na obra, põe em cena a violência, o ímpeto autoritário e a cordialidade, que, no caso brasileiro, formam uma das bases de mediação das relações sociais. Propomos demonstrar que a composição narrativa do corpus – em especial a volubilidade da narração e a elaboração dos narradores – opera como importante dispositivo literário que potencializa o exame do social, revelando que a violência e o autoritarismo não se restringem a períodos de maior controle pelo Estado – como no caso da última ditadura civil-militar brasileira –, mas constituem também elementos diluídos no próprio corpo social. Em Essa gente (2019), o ponto de vista narrativo ora conduzido por Duarte, ora por outros narradores, aponta aqui e ali marcas de uma violência que remetem não apenas à desigualdade social brasileira, mas também a uma inscrição da violência que sinaliza para a formação de um país. Neste romance, o Rio de Janeiro serve como espécie de microcosmo das relações conflitivas nos trópicos. A obra está estruturada de forma híbrida, envolvendo cartas, transcrições telefônicas, anotações, peças judiciais, notícias, capítulos de romance, trechos de canções, dentre outros gêneros textuais, o que remete ao caráter fragmentário da narrativa, como sintoma da literatura contemporânea. Quando postos em articulação, esses fragmentos dão concreção a uma narrativa capaz de percorrer do cômico à crítica corrosiva. Para validar a hipótese, realizamos uma leitura com observância aos mecanismos de constituição da obra na exposição da violência. Com vistas a compreender a relação entre literatura e violência, são fundamentais as ideias de Jaime Ginzburg (2012, 2017); para sondar, no romance, a exposição da violência e de sua íntima relação com a cordialidade brasileira, são indispensáveis as leituras de Sérgio Buarque de Holanda (2016) e de João Cezar de Castro Rocha (2005, 2006); com o intuito de entender o processo de autoritarismo socialmente instituído no Brasil, é imprescindível o diálogo com Paulo Sérgio Pinheiro (1991) e Renato Janine Ribeiro (1999); para compreender a relação entre tessitura social e forma literária, são pertinentes os apontamentos de Antonio Candido (2011). A reflexão de Giorgio Agamben (2009) contribui na formulação de um conceito sobre o contemporâneo, ao tempo em que Karl Erik Schollhammer (2009), Regina Dalcastagnè (2012) e Leyla Perrone-Moisés (2016) proporcionam um cenário amplo acerca da literatura contemporânea, ajudando no mapeamento de suas principais características e formas. Na análise do romance, verificamos que a forma narrativa é decisiva para a sondagem que a obra faz da violência social brasileira. A melhor percepção do quadro de violência também se deve ao procedimento narrativo, que exerce centralidade na realização estética do romance do escritor carioca.
Abstract: In this work we analyze the narrative processes of the novel Essa gente (2019), by Chico Buarque, starting from the hypothesis that the oscillation between the poles of reality and imagination, associated with the decentering of the narrative angle in the text, brings violence, authoritarian impetus and cordiality, which, in the Brazilian case, form one of the bases for the mediation of social relations. We propose to demonstrate that the narrative composition of the corpus – particularly the narration volubility and the narrators’ elaboration – operates as an important literary device that enhances the social examination, revealing that violence and authoritarianism are not restricted to periods of greater control by the State – as in the case of the last Brazilian civil-military dictatorship –, but they are also elements diluted in the social body itself. In Essa gente (2019), the narrative point of view, sometimes conducted by Duarte, sometimes by other narrators, points here and there marks of a violence that refer not only to Brazilian social inequality, but also to an inscription of violence that signals to the formation of a country. In this novel, Rio de Janeiro serves as a kind of microcosm of conflictual relationships in the tropics. The work is structured in a hybrid way, involving letters, telephone transcripts, notes, court documents, news, novel chapters, excerpts from songs, among other textual genres, which refers to the fragmentary character of the narrative, as a symptom of contemporary literature. When put in articulation, these fragments give concreteness to a narrative capable of going from the comic to the corrosive criticism. To validate the hypothesis, we carried out a reading with observance of the mechanisms of the work constitution in the violence exposure. In order to understand the relationship between literature and violence, the ideas of Jaime Ginzburg (2012, 2017) are fundamental; to probe, in the novel, the exposure of violence and its intimate relationship with Brazilian cordiality, readings by Sérgio Buarque de Holanda (2016) and João Cezar de Castro Rocha (2005, 2006) are indispensable; in order to understand the process of socially established authoritarianism in Brazil, dialogue with Paulo Sérgio Pinheiro (1991) and Renato Janine Ribeiro (1999) is essential; to understand the relationship between social fabric and literary form, Antonio Candido's (2011) notes are relevant. The reflection of Giorgio Agamben (2009) contributes to the formulation of a concept about the contemporary, while Karl Erik Schollhammer (2009), Regina Dalcastagnè (2012) and Leyla Perrone-Moisés (2016) provide a broad scenario about contemporary literature, helping to map its main features and shapes. In the analysis of the novel, we verified that the narrative form is decisive for the investigation that the work makes of Brazilian social violence. The better perception of the scene of violence is also due to the narrative procedure, which plays a central role in the aesthetic realization of the novel by the carioca writer.
Palavras-chave: Volubilidade Narrativa
Narrador
Violência
Cordialidade
Literatura Contemporânea
Área(s) do CNPq: LETRAS::LITERATURA BRASILEIRA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Estadual do Piauí
Sigla da instituição: UESPI
Departamento: Centro de Ciências Humanas e Letras
Programa: Programa de Mestrado Acadêmico em Letras
Citação: ALVES, Adão Marcelo Lima Freire. Violência e cordialidade na literatura brasileira contemporânea: um estudo do romance essa gente, de Chico Buarque. 2022. 143f. Dissertação( Programa de Mestrado Acadêmico em Letras) - Universidade Estadual do Piauí, Teresina, 2022.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://localhost:8080/tede/handle/tede/380
Data de defesa: 19-Mai-2022
Aparece nas coleções:Mestrado Acadêmico em Letras

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